A área de mais de 1 milhão de metros quadrados que constitui hoje a comunidade de Pinheirinho, em São José dos Campos, interior de São Paulo, foi ocupada há 8 anos e é legalmente propriedade da massa falida de uma empresa do especulador Naji Nahas.
Na última quarta-feira, dia 11, os moradores receberam uma ordem de despejo, que, mesmo tendo sido suspensa pela justiça federal, foi posta em vigor hoje. Cerca de 2000 policiais militares da Rota e da Tropa de Choque, utilizando blindados, helicópteros, cavalaria e munidos de armamentos letais, balas de borracha e gás lacrimogêneo e de pimenta cercaram a área pela manhã. As notícias são de que já ocorreram no mínimo sete mortes e o banho de sangue prossegue.
O Déficit habitacional em São José dos Campos mostra-se em torno de mil moradias e no Brasil são cerca de 5,5 milhões. A desocupação de Pinheirinho é o retrato da democracia liberal e do Estado democrático de direito em vigor. 1600 famílias estão sendo massacradas por lutar por direitos básicos já previstos no art. 6º da Constituição Federal, em detrimento dos interesses econômicos de um único homem que utiliza a imensa área para especulação imobiliária.
Durante a ação de reintegração de posse foram efetuadas ainda as prisões arbitrárias de Ivan Valente (PSOL), Eduardo Suplicy (PT) e de Zé Maria (PSTU).
Pinheirinho não aparece com ênfase nas manchetes da Globo, da Folha, da Veja e nem aparecerá. Coadunada com os grandes especuladores imobiliários e financeiros, a grande mídia não parece demonstrar grande preocupação com os problemas sociais de nosso país.
Os lutadores de Pinheirinho são exemplos de resistência ao real modo como a justiça, a democracia e os direitos sociais se apresentam para o conjunto da maior parcela dos cidadãos e cidadãs, trabalhadores e trabalhadoras.
Acreditamos que os direitos sociais são constituídos historicamente, sobretudo, como resultados das lutas sociais. Assim, por entendermos que a luta de Pinheiros é exemplar no processo histórico de lutas para a conquista da moradia digna para todos os homens e mulheres, do Brasil e do mundo, e para além disso de condições de vida justas e de igualdade, nós, da gestão “O Tempo não Pára!” do Centro Acadêmico de História da UFU manifestamos nosso repudio à ação policial violenta e desumana e expressamos total solidariedade à resistência destas famílias na ocupação de Pinheirinho.
22 de janeiro de 2012
Centro Acadêmico de História UFU - Gestão "O Tempo não Pára!"