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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Carta dos estudantes de História sobre a avaliação da gestão administrativa da UFU 2009-2012*

Antes de tudo é bom lembrar o quadro conjuntural em que se iniciou a gestão atual da reitoria, pois é justamente a partir dele que avaliamos seu compromisso e alinhamento com o que vem desenhando os rumos da universidade pública brasileira.
Uma das lutas centrais que o movimento estudantil vem desempenhando é a defesa da educação de qualidade tratada como um direito, e, portanto, pública e gratuita para toda a população. No entanto, o que observamos em nossa atual universidade é a manutenção de uma concepção de educação que mantém a sustentação da lógica do capital que pode ser traduzida basicamente sobre dois aspectos: a) formação de mão de obra em diversos graus de especialização, para a garantia das condições de produção dentro do mercado e que estejam à disposição em quantidade suficiente para que os salários sejam variáveis à contratação; b) uma concepção competitiva, meritocrática e produtivista que se impõe sobre os mais variados níveis de acesso a educação no ensino superior, passando desde o vestibular até os processos seletivos para bolsas e programas de pós-graduação.
Vale lembrar que nos últimos anos enfrentamos também, ataques às condições de trabalho dos trabalhadores em educação e uma expansão (o REUNI) que para além de não resolver os problemas históricos das demandas das universidades, criaram novos problemas agravantes que ironicamente, em muitos momentos são chamados de “novos desafios”.
Mas o que a nossa atual reitoria tem a ver com isso? Justamente o nosso balanço é de que a gestão esteve o tempo todo comprometida com essa lógica, demonstrando muito empenho que muitas das vezes significou o atropelo do debate democrático entre os segmentos que constroem a universidade (Estudantes, Técnicos em Educação e Professores). Talvez o fundo da orientação dessa prática deva ficar mais nítido ao lembrarmos o fato em que ficou exposta a homenagem aos signatários da ditadura militar estampado na entrada do prédio da reitoria (um quadro do ditador Costa e Silva). Sabemos muito bem que esse tipo de homenagem refere-se aqueles em que queremos nos referenciar como exemplos. Infelizmente a atual gestão da UFU mostrou tratar ditadores como referências para a construção da educação no Brasil.
Para os que tentaram se posicionar contrários a essa política construída dentro da universidade a resposta foi à perseguição política e a criminalização. Voltamos ao tempo em que há perseguição política na UFU àqueles que não coadunam dos atos da administração superior. O questionamento, muitas vezes sem nenhuma justificativa, leva à penalização. Assim ocorrerão as demissões de trabalhadores das fundações com anos de bons serviços prestados à universidade. É assim que um professor foi suspenso sem o devido processo legal. É assim que uma servidora do hospital foi colocada à disposição, depois de anos de serviço, sem nenhuma justificativa. E não podemos deixar ser esquecido o caso de criminalização de 11 estudantes que reivindicavam dentre várias pautas a democracia na utilização dos espaços públicos da UFU, bem como a liberdade de expressão que vem sendo suprimida.
            A concepção de educação e de função social da universidade defendida pela atual gestão administrativa da UFU ficam explícitas em suas ações e na forma como são implementadas. As Normas Gerais de Graduação, recentemente reformuladas, foram aprovadas no Conselho de Graduação sem que as discussões a respeito das regras que regem a vida acadêmica dos estudantes fossem de fato aberta a estes. A aprovação da manutenção da penalização por trancamentos parciais, expressa na não revogação do índice de rendimento CRA, ocorreu sem que as discussões fossem ampliadas à toda a comunidade universitária.
Também não podemos deixar de denunciar o teor técnico que conduziu as discussões no conselho superior, desconsiderando preocupações pedagógicas e educativas que foquem na qualidade da formação dos graduandos. Este caráter não se faz desconexo do conjunto de políticas aplicadas à universidade nos últimos anos. As normas para a graduação, bem como as demais ações políticas e de organização educacionais estão inseridas na lógica de expansão universitária colocada, orientada no sentido de encurtar o tempo de formação e reduzir o papel da educação ao caráter meramente técnico. Esta lógica vem precarizando o trabalho docente e técnico, bem como as condições estruturais necessárias a garantir amplamente o tripé ensino-pesquisa-extensão.
Nesta mesma lógica está a ampliação dos cursos de educação à distância, comumente utilizada por esta gestão, como propaganda da suposta democratização do acesso ao ensino superior. Discordamos que os cursos em EAD proporcionem a mesma formação encontrada nos cursos presenciais, sendo extremamente limitada em cumprir com a pesquisa e extensão, além de não possibilitar a mesma vivência universitária, possível aos estudantes que têm acesso à uma vaga presencial na Universidade Pública.
Outro aspecto observável é a grande quantidade de cursos pagos de pós-graduação colocados na estrutura da UFU, enquanto os cursinhos populares foram proibidos. Este fato demonstra a concepção de educação fomentada pela reitoria, colocada inserida na lógica do mercado e desfocada da espera de direito social. Esta concepção conecta-se também na expressão de papel social da universidade estimulada nesta gestão. Os altos investimentos da iniciativa privada no financiamento das pesquisas científicas produzidas na Universidade demonstram o atrelamento da educação e da estrutura pública aos interesses privados e de acumulação do capital, demonstrando a ausência de compromisso com as demandas sociais populares.
Acreditamos que a educação é um direito social de todos, devendo ser garantidas condições de moradia, alimentação e transporte, bem como demais políticas de assistência aos estudantes. Repudiamos a lógica do individualismo e da competição impostas ao nosso sistema educacional por políticas que mercantilizam a educação. Defendemos que a Universidade Pública deve estar orientada para a resolução dos problemas sociais pelos quais passam a população brasileira e para a construção de uma sociedade de sujeitos emancipados, socialmente justa e igualitária.

Nesse sentido, a contribuição dos estudantes de história e do Centro Acadêmico de História gestão 2011-2012 “O Tempo não Pára” sobre a gestão administrativa da UFU 2009-2012, só poderia ser a constatação de que as políticas administrativas aplicadas, que fomentam e fortalecem a precarização do direito educacional, não atendem às necessidades imediatas e reivindicações históricas dos estudantes e do movimento estudantil.

*Carta redigida a partir da avaliação de pontos discutidos em reunião aberta do CAHIS ocorrida no dia 17/08/2011, e lida ao Reitor da UFU, Prof. Alfredo Júlio Fernandes Neto, na 6º reunião do Conselho do Instituto de História.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

CARTA DE APOIO AO MOVIMENTO POPULAR PELA REFORMA AGRÁRIA

Segue a carta redigida pelo movimento estudantil da UFU e assinada pelo CAHIS-UFU, em apoio ao Movimento Popular pela Reforma Agrária (MPRA), que atualmente sofre processo de reintegração de posse da área ocupada na região de Uberlândia, comprovadamente improdutiva anteriormente à ocupação, e atualmente produtiva pela organização dos trabalhadores acampados.



CARTA DE APOIO AO MOVIMENTO POPULAR PELA REFORMA AGRÁRIA


Nós, estudantes da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), expressamos nosso apoio aos trabalhadores organizados no Movimento Popular pela Reforma Agrária (MPRA) residentes na Fazenda Cabaça (Assentamento Terra Firme), localizada à 50 km de Uberlândia – MG.
Essa área rural já possui dois laudos que demonstram o caráter improdutivo dessa fazenda, anterior à ocupação produtiva dos trabalhadores organizados no MPRA, e após inúmeras ações do Estado brasileiro que provocaram constrangimentos e prejuízos para esses trabalhadores; hoje se encontra nessa área uma plantação de 3 hectares de Milho Irrigado, 20 hectares de Mandioca e 5 hectares com a plantação de diversos produtos.
Nesse sentido, entendendo que as ações desses trabalhadores contribuem positivamente para a concretização de uma verdadeira Reforma Agrária no Brasil, e conseqüentemente para o desenvolvimento social e econômico do país; expressamos nossa solidariedade com esses trabalhadores bem como nossa oposição a qualquer ação do Estado brasileiro que vise retirar os trabalhadores da Fazenda Cabaça (Assentamento Terra Firme).


Reiteramos nossa clareza quanto à necessidade da realização de uma verdadeira Reforma Agrária no Brasil e a nossa convicção de que o caminho para efetivar a Reforma Agrária, é o fortalecimento da destinação de recursos públicos para a construção de assentamentos (proporcionando condições para a produção, educação e cultura); e não com práticas de reintegração de posse condenando milhares de hectares para a improdutividade sob a posse de um latifundiário.
  
Reforma Agrária Já!



Centro Acadêmico de História da UFU - Gestão 2011/2012 “O Tempo não Pára!”


Moções de apoio da FEMEH ao movimento estudantil da UFF, da UFRB e do Chile






MOÇÃO DE APOIO A PARALISAÇÃO ESTUDANTIL DA UFRB

 A Federação do Movimento Estudantil de História, de acordo com seu posicionamento histórico de luta em defesa da qualidade educacional neste país e ciente das diversas lutas estudantis que vem se somando nas Universidades Brasileiras, manifesta o total apoio aos/as estudantes que decidiram paralisar as atividades da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), e iniciar a greve estudantil. 
Ratificamos o entendimento expresso na Carta Aberta ao mencionar que "A construção de um país soberano perpassa pelo fortalecimento da educação pública e não com a adoção de medidas de favorecimento a rede privada de ensino", deste modo acreditamos que a luta levantada pelos estudantes da UFRB se insere no enfrentamento às políticas educacionais adotadas pelo governo brasileiro que estão, sobretudo sob a égide do capital, transformando a educação em mercadoria. Acreditamos que as greves constituem-se como legitimas forma de luta e que, os/as estudantes da UFRB estão se somando aos diversos lutadores da educação neste país na medida em que ecoam o grito das mobilizações estudantis no Brasil dizendo "Chega de migalhas" e defendem "uma universidade que atenda os interesses do povo, independente e autônoma, democrática e 100% pública!".
A FEMEH reafirma, portanto, seu comprometimento em apoiar energeticamente os diversos movimentos que buscam transformar a realidade ao seu redor através da mobilização e da luta. Defendemos uma educação pública, gratuita, popular, laica, democrática e de qualidade como pressuposto para uma universidade crítica e transformadora, espaço de reflexão, ação e do povo.

Mantenham-se firmes.
Coordenação Nacional da Federação do Movimento Estudantil de História.





Moção de apoio à ocupação da reitoria da UFF
A federação do movimento estudantil de história vem por meio desta apoiar todas/os estudantes que ocupam nesse momento a reitoria da Universidade Federal Fluminese. A ocupação de hoje é resultado de uma assembléia geral que apontou a necessidade de discutir democraticamente os atuais problemas que ocorrem dentro da Universidade.
Na semana passada, houve uma ocupação pacífica de um dia, que por pressão da polícia, se desfez. Além da repressão e criminalização do movimento, mais questões se somam à ocupação:
- Existe um projeto de abrir duas vias que passariam por dentro da UFF – campus Gragoatá (Via Orla e Via 100), ocasionando não só um problema para a Universidade, mas também o despejo de mais de 100 famílias. Essas obras estão ligadas diretamente à Copa e as Olimpíadas.
- Ao mesmo tempo, estão em construção dentro da UFF alguns prédios sem licença legal para tal. Por meio de um acordo com a prefeitura, os prédios poderão prosseguir em andamento de obra caso a reitoria concorde em deixar que estas vias sejam construídas.
- A construção dessas vias também prejudicaria o Campus Rio Vermelho, ocasionando um grande fluxo de carros e podendo ocasionar diversos transtornos.
- Em um dos campus do interior, uma menina foi morta, vítima de um atropelamento por questões ligadas à esse tipo de problema.
- A liberação dessa construção será dada via Ad Referendum, o que demonstra a completa falta de democracia interna dentro da Universidade e uma postura completamente autoritária da administração superior.
Frente a essas questões, a ocupação se dá em torno das seguintes pautas centrais:
- A entrega dos prédios em construção para atender problemas realmente urgentes, como moradia universitária;
- Um debate amplo com a comunidade sobre a construção dessas vias e uma decisão democrática acerca disso;
Além disso, se soma pautas gerais, como a bandeira dos 10% do PIB para a educação e apoio à greve dos servidores da UFF.
A ocupação se chama “Manoel Gutierrez e Maria Cremilda” em homenagem ao estudante chileno morto pela polícia do Presidente Piñera e da estudante da UFF que morreu vítima de atropelamento em frente ao Pólo Universitário de Rio das Ostras.
Coordenação Nacional da Federação do Movimento Estudantil de História.


Carta de solidariedade ao movimento estudantil chileno.







“Sigan ustedes sabiendo que,
mucho más temprano que tarde,
 de nuevo se abrirán las grandes alamedas
por donde pase el mujer/hombre libre,
para construir una sociedad mejor.
¡Viva Chile!
¡Viva el pueblo!
¡Vivan los trabajadores!”
(Allende)
A Federação do Movimento Estudantil de História vem por meio desta expressar o seu apoio total à todas e todos estudantes chilenos que estão em luta por uma educação gratuita e de qualidade, que abarque as reais necessidades do povo chileno.
Repudiamos todas as ações de repressão e criminalização com a qual o governo Piñera tem tratado o povo, que acima de tudo, está lutando por uma sociedade mais justa e igualitária.
Visualizamos uma completa quebra dos direitos humanos nesse processo, não só com o modo que a educação vem sendo tratada no Chile, mas com todas as ações autoritárias e violentas com as quais o governo responde à isso.
A Federação do Movimento Estudantil de História se soma à essa luta depositando solidariedade irrestrita.
  
Hasta La Victoria, Siempre!
Coordenação Nacional da Federação do Movimento Estudantil de História.